Portfólio de projetos de TI: O guia prático da estruturação (Parte 1)
Alerto que cada empresa tem o seu próprio contexto e cultura, portanto, a estrutra apresentada vai guiar mas não necessariamente é uma bala de prata que resolve todos os problemas.
Ainda assim, tenho certeza que esse conteúdo vai te ajudar muito durante todo o processo.
A Estruturação da Área de Gerenciamento de Portfólio de Projetos
Maturidade de gerenciamento de portfólio e projetos na empresa
Na ocasião a empresa não tinha uma cultura de Gerenciamento de Portfólio e Projetos, ou seja, a maturidade e governança era praticamente zero e isso influencia diretamente na implementação de uma nova estrutura.Na prática, isso significa que não havia processos definidos para gerenciar os projetos do departamento e muito menos uma gestão do portfólio desses projetos.
Estrutura Organizacional
A empresa é estruturada de modo funcional, com 5 diretorias bem definidas à época: Administrativa & Financeira, Comercial, Jurídica, Operações e Tecnologia.A área de Portfólio seria criada dentro da diretoria de Tecnologia, às demais atuam como o negócio.
A diretoria de Tecnologia tinha as seguintes gerências: Infraestrutura & Telecom, Sistemas e Sustentação, Governança, Segurança da Informação, Business Inteligence e a nova estrutura que seria criada: Portfólio & Projetos.
Contexto
Dentro da diretoria de Tecnologia, embora houvesse uma área de Governança, ela também seguia o grau de maturidade inicial, sendo baixo (não sei precisar). De modo que, o controle das demandas que entravam na área de TI ainda continha gaps no processo.Por que isso é importante? Imagina as seguintes perguntas:
- Quais são os projetos e correções que o nosso time está trabalhando?
- Qual o escopo de trabalho dos projetos?
- Qual o prazo de entrega dos projetos?
- Quem solicitou os projetos que estamos trabalhando?
- Qual o impacto desses projetos para a nossa empresa?
- Quais projetos "conversam" com o plano estratégico da empresa?
Imagina que você é o diretor e não tem resposta para as perguntas acima. Essa era a situação naquele momento.
Considere também que as áreas de negócio estavam bravas com a área de tecnologia por não cumprir os combinados, prazos e muitas vezes, sequer atendimento.
😡 Time de TI não cumpre os prazos prometidos;
😡 Time de TI demora a entregar as coisas;
😡 Tudo aqui é prioridade;
Considere também que as áreas de negócio estavam bravas com a área de tecnologia por não cumprir os combinados, prazos e muitas vezes, sequer atendimento.
Fontes de insatisfação?
😡 Time de TI “machucado” e reativo;😡 Time de TI não cumpre os prazos prometidos;
😡 Time de TI demora a entregar as coisas;
😡 Tudo aqui é prioridade;
A solução inicial
Antes de pensar em uma nova estrutura, área, métodos ou ferramentas, a primeira coisa que fizemos foi listar TUDO que estávamos fazendo em uma planilha.Queríamos ter noção da quantidade e tamanho do trabalho que estávamos colocando os esforços e para onde estava indo de uma forma simples e rápida.
Não tinha uma restrição definida, toda a liderança da diretoria de tecnologia listou os projetos e solicitações que vieram por e-mail, corredor, chat, whatsapp, coisas de qualquer lugar.
Apenas listamos com o máximo de informações possível dentro da planilha compartilhada.
O objetivo era simples: ter visibilidade!
As coisas ficavam completamente espalhadas pelos canais e para ser justo, o único local centralizador que tínhamos era na plataforma de gestão de chamados que armazenava solicitações de tudo quanto é tipo de trabalho.
A Planilha
Todo gerente e diretor gosta de uma planilha com uma tabela dinâmica ao lado. 🙂A nossa planilha foi estruturada da seguinte forma (colunas):
- Diretoria/Heads demandante
- Nome da iniciativa
- Descrição / resumo
- Necessidade detalhada
- Status (exatamente daquele momento)
- Contato do solicitante
- Esforço estimado em ordem de grandeza: baixo, médio, grande, muito grande
- Impacto no nosso negócio: baixo, médio, grande, muito grande
- De onde veio: sistema de chamado, chat, telefone…
- Interdepartamental: Sim / Não - qual diretoria;
- Agrupador: tema principal para agruparmos coisas em comum;
- Prioridade: entrega estimada em T1, T2, T3, T4;
- Plano estratégico: estruturação ou estratégico;
- Pilar: determinado sistema;
- Tipo de impacto: otimização operacional, aumento de receita, redução de custo;
No vídeo abaixo apresento a planilha e o processo de preenchimento, confira!
A partir do levantamento e listagem das coisas que durou cerca de duas semanas, emergiram aproximadamente 250 iniciativas, projetos ou demandas. Esse foi considerado o nosso ponto de partida de visão das coisas.
Uma vez listado, o próximo passo foi classificar, refinar, atualizar os status, entender os escopos e fazer todo detalhamento possível.
O segundo passo da solução inicial
Saber o tamanho do problema a ser encarado é o primeiro passo para resolver.Com o trabalho visível para todos os gestores, fomos encarar a realidade que é ter a demanda muito maior do que a capacidade de execução.
O segundo passo foi levar a realidade para as demais diretorias da empresa e iniciar o processo de priorização das demandas.
Com a informação estimada da ordem de esforço (P, M, G) e o impacto, o critério inicial foi:
- Iniciar pelos “Quick Win”, onde com o menor esforço poderíamos ter os maiores impactos.
- Terminar os trabalhos iniciados, ainda que com menor impacto. Ou seja, dar acabativa nas coisas.
Importante: o fato de ter um “planilhão” com as demandas, não significa que as emergências deixem de surgir, tampouco or pedidos no corredor, chat ou conversas informais.
Esse é um longo trabalho que ainda veremos nos próximos artigos.
Conclusão
Estruturar o serviço de Portfólio de Projetos em um ambiente de baixa maturidade é uma jornada desafiadora e recompensadora. Não existe uma fórmula mágica ou uma "receita de bolo" que se aplique a todos os contextos.A minha experiência mostrou que o ponto de partida é o mesmo: visibilidade.
Começar pelo simples, com a criação de uma planilha com a foto da realidade, foi o que nos permitiu enxergar o tamanho do desafio e, mais importante, começar a dialogar com as áreas de negócio de forma transparente sobre o que era possível entregar.
Começar pelo simples, com a criação de uma planilha com a foto da realidade, foi o que nos permitiu enxergar o tamanho do desafio e, mais importante, começar a dialogar com as áreas de negócio de forma transparente sobre o que era possível entregar.
O processo de priorização iniciado com os "Quick Wins" e a finalização das demandas que já estavam em andamento, foi fundamental para construir credibilidade inicial e mostrar resultados práticos.
A transformação não acontece da noite para o dia. A quebra de paradigmas, como a persistência de pedidos informais, são um trabalho contínuo que demanda paciência, persistência e, o mais importante de tudo, a construção de um relacionamento de confiança com as pessoas (clientes).
Este foi apenas o primeiro passo na estruturação da área de Portfólio & Projetos.
O caminho é longo e vou compartilhar os próximos passos, mas ao iniciar com visibilidade, você estará construindo uma base sólida para o sucesso do serviço de portfólio e projetos, e consequentemente, para o alinhamento estratégico da sua organização.
Você já deu o primeiro passo? Então vai gostar da continuidade neste artigo. Confira!
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Um abraço!
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